Viver, sonhar, amar...


Enquanto eu inerte
Em águas profundas
Onde as lágrimas são invisíveis
Profundo oceano de sal e água
Silêncio da vastidão esplêndida do sono eterno
Os lobos do mar me devoraram a carne
Então ossos se revelam refletindo o brilho da luz
Eles se mostram brancos e reluzentes
Tocados pela dança da água com a lua
Permanecendo imóvel à deriva das correntes furiosas
Como âncora esquecida
Sem barco e sem corrente
Preso a nada
Sem propósito e sem destino
Na água que não impede o fogo espalhar
Cem vezes me purifico
Como carvão na fornalha
Fornalha d`água com carvão branco
Cristalizado pelo calor das almas
Com ossos agora de vidro
Minha carne de pano
Minhas lágrimas de sal
Saturadas, caem em pedras
Na mistura líquida do ar que eu respiro
Invisíveis aos olhos e não à boca
E gosto do gosto salgado da Terra
Que me alimenta e me cura as feridas
A pele da cicatriz é mais forte que sem ela
A ferida da minha memória
Me dá força 
Para viver
De gota em gota
De grão em grão
Assim eu escrevo linhas
Que jorram de mim sem controle
Como se eu pudesse dizer 
Aquilo que não pode ser falado
Quando sei que não posso
Então eu sinto...

No deserto da minha alma
No calor do meu peito
No meu castelo de barro
Na minha floresta chuvosa
Na montanha solitária
Na caverna estrondosa
No esplendor da realidade
Na lembrança incrédula
Na lição demorada
No sonho inevitável
No céu da minha boca
No desejo infinito

Que te amo...

E te amo e amo mais
E mais ainda
Amo melhor, mais forte
Amo sincopado e desastrado
Amo doce, amo salgado
Amo amando o amor acordado
Amo no toque e no sopro
Amo no sonho velado
Amo no pulso e no sangue
Amo a fantasia da realidade
Amo inexorável cada segundo
Amo na calada da noite
Amo sob o sol e sob a lua
Amo na incapacidade de dizer
E na vontade de viver
A dimensão do quanto te amo...










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